Existem dias que sempre falo que algumas músicas falam mais do que qualquer coisa que possamos expressar através de pensamentos ou palavras. Esse dias enquanto estava ocupada fazendo alguns trabalhos me peguei ouvindo Ana Carolina (que particularmente adoro) quando cheguei na música 'Pra Rua Me Levar'. A letra me tocou tão fundo que levou a pensar em certas decisões que tomamos na vida. A frase inicial da canção 'Não vou viver, como alguém que só espera um novo amor...' resume um pouco do que nós, a maioria das mulheres, deixam de fazer na vida enquanto acham que estão esperando seu grande amado dos sonhos chegar.
Comecei a analisar meus últimos passos, pôr na mesa meus últimos relacionamentos, e não só os amorosos. Porque nossa vida é feita de relações. Amigos, amores, família, negócios. Um eterno laço de pessoas que entram e saem de nossas vidas o tempo todo. Na maioria das vezes nos deixamos abalar por algumas que não valem a pena e esquecemos que seja para o bem ou o mal, todas elas cruzam nosso caminho para nos ensinar alguma coisa.
Outra parte da música que me pegou de jeito foi '...às vezes ando só, trocando passos com a solidão... Momentos que são meus, e que não abro mão...'. Ao ouvir esse pedaço me dei conta que por mais que sejamos seres que precisam estar constantemente convivendo com outros seres vivos existem os momentos em que precisamos nos conectar com o nosso eu interior. Precisamos de momentos de solidão para revermos conceitos, escolhas, decisões, refazer planos etc. Nada na vida é definitivo, a não ser a morte.
Estava assistindo o seriado 'Rookie Blue' ontem a noite quando vi uma das personagens falar em gostar de planejar tudo, a médio e longo prazo, com seu parceiro. Esse é daqueles que vive o momento, sem deixar as coisas para depois. Acho que ambos são extremistas demais. Claro que não devemos deixar tudo na mão do acaso. Afinal, nada cai do céu. Mas também não podemos viver como se nossa vida fosse uma planilha de planejamento de ganhas e perdas constantes, pois o amanhã é imprevisível. Devemos saber dosar a forma de planejar coisas e torná-las possíveis de realização a curto prazo sempre que possível, mas não deixar de viver o hoje, o presente, o agora. Porque a beleza de continuar vivendo é justamente esperar o inesperado.
Isso me leva de volta à música da Ana quando ela fala '…é mas tenho ainda muita coisa pra arrumar. Promessas que me fiz e que ainda não cumpri. Palavras me aguardam o tempo exato pra falar...', é algo que justamente me fez perceber que dou muita importância a acontecimentos e pessoas que não merecem tanta atenção assim. Como a canção diz, sim, eu ainda tenho muita coisa pra arrumar na minha vida e para isso eu preciso me focar. Sentar e rever o que foi feito de errado em minhas escolhas passadas para que não cometa os mesmos erros no futuro. Pretensioso? Talvez. Afinal não podemos prevenir o que faremos de certo ou errado, pois cada ação tem uma reação, e por mais que queiramos que seja positiva, na maior parte das vezes a polaridade vem de encontro com a negatividade.
Analiso muito. Às vezes acho que analiso demais as coisas que me acontece e acabo esquecendo de sonhos e desejos que tenho e que deixei de continuar a sua concretização porque estava ocupada demais ficando aborrecida com coisas pequenas, sem importância. Como a letra fala tenho promessas que me fiz e que ainda não cumpri, tenho palavras prontas para serem expressadas aguardando só o tempo de serem pronunciadas, mas às vezes simplesmente esqueço disso e deixo a frustração das escolhas erradas do passado tomar conta de mim.
Por esse motivo, e outros, é que a música me tocou e me fez pensar que tenho que fazer o que a letra disse 'deixar a rua me levar...'. Preciso escutar o silêncio que existe dentro de mim e começar a me olhar de forma diferente, entendendo que eu me basto para ser feliz e fazer um novo tempo começar em mim a partir de agora.